Sentimento do Luto
A MORTE
A morte é incontestável, irá ocorrer com todos que estão vivos, é um fato.
Ela é o fim de uma história, é o fim da vida na Terra e envolve o mistério da possibilidade de existir alguma continuidade, mesmo que de outra forma.
Temos grande necessidade de acreditar que somos eternos, mas na realidade o que temos é um ponto final com a chegada da morte.
O LUTO
Quando uma pessoa está enlutada é porque sente uma dor profunda, algo importante para ela se perdeu, um ente querido, um amor, uma situação que lhe era preciosa.
É natural o sofrimento quando gostaríamos que algumas situações se perpetuassem, que pessoas amadas fossem eternas e principalmente que ninguém morresse antes da hora que imaginamos ser mais adequada.
É natural o sofrimento quando um sonho não ocorre da forma que imaginamos que aconteceria, porém, permanecer em sofrimento por longo período gera graves consequências, como perda de motivação em seguir com sua vida, desequilíbrio emocional, depressão.
Para o Nosso inconsciente, de acordo com Elisabeth Kübler-Ross em seu Livro Sobre a morte e o morrer, é inaceitável morrer, quando ocorre faz-se uma ligação a uma ação má, algo que pede recompensa ou castigo. Nosso inconsciente não consegue fazer a diferença entre o desejo e a realidade embora possamos perceber que temos sonhos que não tem lógica e conflitam com a realidade.
Quando morre um ente querido aparecem diversos sentimentos que na maioria das vezes não é possível manter um controle. Fazem parte das etapas que passamos diante da perda. Geralmente, essas fases não são lineares e são mais ou menos intensas dependendo das circunstâncias e da idade desta pessoa que se foi.
Ursula Markham em seu livro “Luto, esclarecendo suas dúvidas” fala sobre essas etapas que precisam ser elaboradas e ultrapassadas. Os sentimentos costumam ocorrer de forma intensa no início do luto e vão se repetindo perdendo pouco a pouco a intensidade. São eles:
Incredulidade ou negação – a dificuldade de acreditar que realmente houve a morte, é o que ocorre no primeiro momento, pensar que não é real a situação como uma forma de não ficar olhando para essa situação enquanto a dor está muito intensa.
Raiva – Sentir raiva, revolta, inveja, ou ressentimento são comuns depois que a pessoa aceita que realmente ocorreu a morte do ente querido. É muito comum, embora pareça estranho estar com raiva de quem morreu, isso ocorre pelo sentimento de abandono, ou de rejeição. Como se quem se foi tivesse alguma escolha.
Muitas vezes a raiva é dirigida para quem não está no mesmo sofrimento, ou não está passando por algo igual, um sentimento que muitas vezes chega a ser assustador para pessoas que acreditam ser boas, mas é um sentimento normal e que chega a atingir, algumas vezes, raiva da natureza, do Sol brilhando, dos pássaros que cantam ou lindas flores no jardim. Culturalmente não é aceitável esse sentimento o que acaba gerando outros sentimentos como culpa por estar com raiva.
A barganha – É um questionamento na tentativa de compreender se haveria alguma possibilidade de trocar de lugar com quem se foi. Se poderia ter sido feita essa troca, se poderia ter sido de outro jeito. Este sentimento costuma estar acompanhado de culpa.
Tristeza e depressão – É esperado que apareça esse sentimento, porém ele pode ocorrer em diferentes profundidades e com variedade de tempo e duração.
Algumas pessoas conseguem demonstrar seus sentimentos e outras apresentam dificuldade, embora estejam bastante entristecidas.
É comum que chorem muito embora nem todos conseguem chorar ou choram escondido.
O tempo que dura a tristeza é muito relativo, variando de pessoa para pessoa.
O primeiro ano costuma ser o mais difícil em função de datas comemorativas em que aquela pessoa não estará presente.
Considerando que a pessoa que morreu não está mais em sofrimento caso não acreditem em algo após a morte ou do contrário, estão num bom lugar perto de Deus, a tristeza é por não ter mais a pessoa perto de si e não pelo que partiu. Algumas vezes também, vem a tristeza pelo sentimento de impotência por não ter conseguido impedir a morte dessa pessoa. Diante da morte é justo que a pessoa fique triste ou até mesmo depressiva.
Culpa - a culpa pode ocorrer se houve discussão com a pessoa, ou se houver um sentimento de que poderia ter sido feito algo de diferente para impedir a morte daquela pessoa, ou ainda o desejo de ter falado algumas coisas que não foram ditas, porque ela está viva e a outra pessoa não. É um sentimento comum de quem está em luto e ainda busca uma explicação para o que aconteceu.
Medo – A morte de alguém nos coloca em contato com a nossa mortalidade e a percepção que ela acontece com todos. Imaginar que é possível morrer a qualquer momento é muito assustador, é muito difícil lidar com essa impotência. Muitas pessoas começam a sentir medo que a qualquer momento possa morrer. Embora seja uma verdade, esse sentimento nesta intensidade pode paralisar a vida desta pessoa até que consiga superar esse sentimento.
Aceitação e Alívio – É mais fácil que aconteça a aceitação quando a pessoa que morreu sofreu muito no final da vida, entender que a pessoa a quem amamos já não está mais sofrendo trás certo alívio para quem ficou. Mas, independentemente do que tenha ocorrido, chega um momento que é preciso aceitar a realidade como aconteceu e seguir com a própria vida. Aceitar implica em ficar numa certa paz.
Para distinguir esse sentimento que Freud chamava de melancolia, mas que hoje em dia se entende como depressão e o luto, observa-se profundo desanimo, não demonstram interesse pelo mundo externo, inibe toda e qualquer atividade e expectativa de punição. Porem a pessoa depressiva apresenta baixa estima e a pessoa enlutada tende a se recuperar depois de algum tempo.
É necessário que haja aceitação de que todos iremos morrer um dia, que alguns partem antes. A lei que diz quem vai primeiro, não segue a lógica humana. Devemos respeitar a dor da falta, admitir que ela existe é um passo importante para a cura do sofrimento.
Evani Pecci